Wednesday, August 30, 2006

me-nagem

sara lee menageada;
http://www.carina-sehn.blogspot.com/
procurem breve pausa para sara!

La loca de La colina-um dia dezessete

(minha cunhada dezesseteando hj)

Um dia eu tive dezessete, mas eles nunca me tiveram.
Então eu era ainda mais velha que agora,
e olha que hj em dia tenho certeza de que nasci pra me aposentar.
Um dia eu tive dezessete, mas além dos calos, varizes e choramingos,
não tem nada que tenha vindo de lá pra cá.
Eu sou a mesma sim, mas nunca carrego muita bagagem, vivo sempre do que me dão.
Um dia eu tive dezessete, mas eles nunca me pertenceram.
Não namorei, não quebrei regras, não trepei,
naquela época me beijavam por aposta de coragem.
Não usei saia curta, ia pra praia de vestida de orca.
Não usei disparates da idade, eu vestia de preto por onde eu andava a cidade.
Não rimei. Não explodi. Não me matei como seria o praxe dessa situação de se "desuportar".
Me contaram que eu me queimava com facas. Nem lembro disso.
Apesar do meu cabelo ser longamente até a bunda eu não tinha "cabelo comprido"; só deixava crescer como o meu mato em desvario.
Hj eu cortei o cabelo e já amei demais. Fui brutalmente amada, descobri que eu sou como todo mundo um animal.
Eu vi de tudo o mais um pouco, não entendi nada como praxe de mim.
Um dia dezessete. Não estar lá foi meu jeito de adolescer e me carregar assim até aqui.

Wednesday, August 23, 2006

a nada impressionante criança mais velha do mundo

eu gosto de todinho light e um dia eu vou embora do meu emprego pq eu quero e pronto mesmo
mas agora eu tenho que pagar as conta.
não depilo as pernas pq sou muito pequena pra isso e também muito cansada,
gosto de presilha no cabelo e acho que se fosse homem eu tinha nascido com pentelho grisalho
os pentelhos das mulheres vem depois.
ninguém acredita muito no meu mau-humor
mto menos que eu vá me livrar dele um dia.
um dia
dali
outro daqui eu me esvaio em chocolate.
um croquete de mim traria a frase "onde há um monstro há um milagre" como se isso fosse sorte,
eu sei que não é,
é aptidão.
tenho aptidão pra monstro, como alguma pessoas tem pro violão - hei meu bem, toque pra mim até eu parar de sangrar, sim?
tenho aptidão pra monstruar tonitruante e comer o açucar da tarde inteira se alguém deixar;
tenho inércia de um condão alarmado.
eu tenho cravinhos
e todo amor do mundo no teu coração.

Thursday, August 17, 2006

RÉ CORRENTE

ré corrente - uma presa fugitiva - uma caça indescansável - um bicho que nunca para
uma presa fugitiva - um dente que despenca - uma mordida mal calculada - um naco perigoso
um dente que despenca, com um corpo de aparências de carona.
meu pesadelo nada predileto é com toda a família. qdo eles aparecem em sonho ruim, são sempre mais, são sempre piores e querem mais a minha atenção. estão sempre em festa, repetem seus sobrenomes bem empoados, abraçam com farpas constantes e venenosas. qdo eles aparecem em sonho ruim, enfiam comida na minha boca.
alergia-cachaça-histamin.
anti-amínicos.
anti-anímicos.
odeio repetir as coisas, mas o que me mata é o meu nariz. a nicotina não consegue ipedi-lo de funcionar eficiente e tão cretinamente.
é um filme de terror pra mim sentir o cheiro de outra pessoa nas minhas roupas. é como se me invadissem.
é um filme de horror BBB sentir cheiro ruim saindo de mim, de dentro de mim, pq é como se a podridão tivesse vestido as minhas roupas.
não se assustem, isso é só realidade,
da pra viver mais ou menos azul suportando ser assim.

Wednesday, August 16, 2006

a gorda lee

meu namorado não gosta que eu me chame de gorda. nunca pareceu se importar se eu sou ou não, na verdade eu acho que ele acha que eu não sou, ele acha que eu sou gostosa, mas eu acho que eu sou gorda.
os namorados nunca gostam que a gente se ache gorda. porque aí eles se sentem impelidos a fazer alguma coisa e tentar consertar a nossa cabeça. e porque as vezes de tanto vc repetir, eles começam a desconfiar de que talvez seja verdade.
e ele também não gosta de me ver sofrendo por mim mesma.
mas eu acho que me acho gorda pelo direito de ser gorda e não sofrer e ser bonita.
a gorda é um estado de espírito transverso.
a gorda é um abuso de si mesma.
a gorda é uma rebelde do amor e da beleza.
a gorda masca chicletes em concerto e aplaude sempre que acha alguma coisa bonita, mesmo que não seja a hora certa de aplaudir.
a gorda sempre vai incomodar porque ela tem mais espaço pras cores e pra escuridão. numa gorda vc vê tudo mais estourado.
a gorda é o monstro fofo.
a gorda é grande e meia.
eu queria ser uma gorda no universo e espelhar marte.
a gorda vermelha rindo sangue.

Tuesday, August 15, 2006

nossomos

é preciso me auto barganhar a felicidade diariamente, se é que vcs me entendem.
meus valores parecem todos conflitantes e confusos, não é nada simples que eu me satisfaça,
mas as vezes funciona, as vezes só sensação prazerosa de ter consguido tomar todos os remédios direitinho, no horário, não esquecer nenhum e nessas horas eu penso que talvez esteja se tornando automático e logo, como quase todas as outras pessoas que funcionam direito no mundo, eu não vou mais precisar muito nisso.
hj em dia os remédios são três: dois pra dor nos músculos (uma sirene toca aqui na calçada da frente, mas sirenes tocam o tempo inteiro em curitiba) sendo que um dos da dor é anti depressivo pq parece que a minha carne depois de velha resolveu ser melancólica também e o terceiro é o anti filhotes. acho estranho chamar isso de remédio, mas basicamente é.
pense no mundo de hj e você verá que um anti filhotes, é um remédio.
ontem eu tomei os tres remédios direitinho, mas fiquei trancada fora de casa.
hj eu tomei os tres remédios direitinho, mas desci no andar errado aqui no serviço e antes de perceber isso ainda me assustei com a configuração toda diferente das mesas na sala.
as vezes eu acho mesmo que eu não vou passar.
mas são apenas nove horas da manhã, talvez eu ainda tenho o dia inteiro pra fix up everything comigo.
talvez eu não me dê outra chance, eu sou uma garota meio implacável quando trata de se ferrar.
eu achei que só ia conseguir escrever de novo qdo voltasse a chover. na verdade só apareceram umas tres nuvens no céu.
mal e porcamente teremos água pra uns dois meses nessa capital.
eu vim pra cá por causa da chuva, e estou secando o estado.
tem dias que eu só queria que eu valesse a pena.
outros eu convivo com a dúvida
e alguns eu só me carrego feliz.
a questão é que nunca sabemos qual desses nós somos.

Monday, August 07, 2006

labila coracionada

não nasci de novo pra odiar
preciso de um tapete na sala pra me deixar cair de entre as minhas pernas.
sei exatamente o que eu quero,
é tão raro até eu querer, mto menos saber o quê,
e dessa vez, exatamente
um tapete verde musgo, igual ao que eu imaginava que eu tinha.
não nasci de novo pra me esquecer entre páginas de fotografias feias, deixa pra poeira ou pra poesia o tempo em que eu fui feia, não me queixo pq todo mundo precisa de uma raiz onde grudar o salto das pernas
eu devorei as minhas beiradas sem caroço nem paixão,
mas aqui pelo meio eu sou mais quente, eu tenho equador com pimenta e me mordo vagarzinho.
eu não amo de novo pra costurar um recomeço, uma chance um curativo ou um endereço.
eu amo e não sou só.
hj em dia tem gente que não quer mais caminhar nem dez metros e quer viver ânimo comprimido e ar em pílula.
eu amo e não sou só.

Friday, August 04, 2006

hasta la pleura, beib

sonho em chutar pombas e mijo amarelo-laranja-folha-de-paineira-que-cai.
me disseram que eu estou me esvaindo de outonos.
escoando.
meu joelho não dói mais porque voltei a beber capsula de alegria todo o dia depois do café, 20 mg só pra libertar os músculos, não é isso que me fará sorrir melhor.
eu sorrio com a cintura mergulhada na tempestade da tua cabeça.
deita no meu colo que eu me deixo. me revolta que eu marejo. dá salitre, mas salubridade, me misturar com o teu salgado de olho.
hoje em dia eu sou uma pessoa que as vezes não sente muita fome.
por isso mais tarde eu posso tomar sorvete.
hoje em dia eu sou uma garota que sofre sem se preocupar muito com isso e também o contrário.
uso chapéu e óculos escondida pra ficar bonita.
eu nunca encostaria num pombo com a minha propria pele.
eles me dão asco na alma dos dentes.
me dão nojo de doença na planta do estomago.
me dão um matagal lixão de incerteza.
avoam tudo o que me é sujo.
hj em dia eu quase sempre me acho bonita no fundo, porque eu estou sempre tentando.
seja não descascando a maçã
ou pendurando uma flor na espinha.
quase sempre tudo o que eu escrevo parece trajo-dramático.
mas é tudo do mesmo, brutalmente existindo com o umbigo sempre concentrado em todas as direções.
até o vazio.

Tuesday, August 01, 2006

co-organ

Coço o meu joelho porque sinto dor, lá dentro, no meio das articulações e dos ossos. Não dói de verdade, como um corte ou uma pressão ou um soco ou uma explosão. Dói pior, dói lá fundo, como as doenças misteriosas e secretas, dói mais pelo medo do que pelos nervos; então eu coço. Marquei médico pra daqui há dez dias, pode ser que eu morra até lá ou que só mais esse prazo, só mais esses dez dias, me condenem. Então eu coço. É como se tivesse um bichinho maldito dentro de cada um dos meus joelhos, e as vezes ele acorda e me mastiga, tem alguma coisa tem alguma coisa e quanto mais me lembra de que tem alguma coisa mais apavorada eu fico e logo toda a minha perna parece consciente de que tem alguma coisa. Uma coisa intrínseca.
Então eu coço. Toda a vez que eu sinto dor e não sei controlar o meu pânico e a minha incapacidade de enfrentar a sensação, eu
sento e coço.
Quando eu sinto dor coço, tenho mais medo do que sou capaz de condensar na minha cara exageradamente avoada e blazé, não consigo me conter de parecer mais má do que eu realmente sou. Não que eu seja boa, nem pensar. Nem penso. Eu não queria pensar na verdade sobre todas essas coisas, mas a verdade é que eu penso todos os dias. Mas não sou boa, só que me esforço demais pra parecer má. Não lembro desde quando nem porque. Nem porque. Pode ser pq eu nasci pro nome errado. Pode ser pq eu salvei a casa de um assalto pela primeira vez aos três anos de idade. Só que eu nem lembro disso direito. Só que era uma noite bonita de verão e de repente um homem entrou pelo gramado e deixou tudo assustador. Eu saí correndo. Pra conseguir que me ouvissem eu tive que me acalmar.
Não que tenham me ouvido muito. Com o passar do tempo eu fui desistindo de me escutarem. Ou fingindo pra mim mesma. Mas não paro de me acalmar.
Como agora.
Agora eu dou risada de uma historia que não tem graça nenhuma. Meu joelho me dá vontade de chorar de apavoramento. Eu vou morrer e não posso pensar nisso. Eu vou morrer eu vou morrer eu não vou não.
Me reajeito no banco, brinco de estar pensando em pintar o cabelo.
Meu nome é Sara Lee, eu vou passar a historia inteira da minha vida pretendendo não ter medo disso, mas eu tenho. Muito. O que eu mais tenho na minha vida é medo.
É por isso que quase nada me atinge; de tanto temer, os monstros de dentro do armário e de fora dele viraram a minha família, tudo o que eu mais tenho – medo.
penso penso penso penso penso. temo temo temo. até que tudo dê um nó em si mesmo.
aí eu me acalmo.