Wednesday, June 28, 2006

de volta - eu sou matando o tempo até comer

acabados os processos matinais, no momento não gosto do meu cheiro, essa folga parece emprestada,
um campinho onde eu não deveria estar jogando, uma pimenta que não cabe na minha fragilidade, mas eu me penduro no sol (que por acaso não entra na sala de janelas fechadas) e existo mesmo assim.
finados os processos matinais, minhas costas dão umas fisgadas bem lá em cima, e não é pulmão não, ando contida, na fase de comer mais chocolate do que cigarros, não que a fumacinha me abandone, não me engano, só uma pausa suspensa num vício em prol de outro,
só cacau por nicotina.
terminados os processos da manhã, tenho fome e cólica, nada disso dói mais do que deveria, e o estômago grita mais do que o útero, eu diria, eu diria que a vida, a vontade de comer, pulsa bem mais do que dói pq sangra. a fome de distrai da morte
uma vez tive uma cadela que me ensinou a morrer com dignidade: mesmo que em eutanásia, tenha um olhar resistente e fome até o final.
demonstre vontade de comer. no caso dela inclusive, comer significava dor, significava que ela ia ser esvair em diarréia logo depois, que ela ia se sujar e odiava ficar assim fedida.
MAS VIVER E INSISTIR DEIXA A GENTE MARCADO
FEDIDO
CONTADO
ANGARIANDO PARASITINHAS E DOENÇAS
AS VEZES VIDRO MOÍDO
outras não
outras é só festinha, festin diabólico no paraíso.
fome em vida e morte.
concluidos os processos matinais, aguardo o horário de almoço, aguardo as fotos dos filhos dos outros, espero que a prece que ainda vou inventar me salgue os olhos e desrespeite a fé que afoga,
quero pinta de quem não se importa.
por isso, sem pompa, depois de tanta espera, volto pra cá num momento sem solenidade nenhuma,
matando tempo até comer.