Tuesday, February 27, 2007

eu, a genética e o meio

eu nasci de um jeito,
que se tivesse uma família de alpinistas,
dançaria tango no topo do everest uma vez por ano.
(sem emissão de valores morais sobre isso).
Mas nunca me deixaram subir em árvores.
vejo um outro garoto que eu também poderia ter sido,
sobreviver depois de um raio que derreteria uma cidade.
ele continua bonito.
eu, apesar de tudo, continuo acreditando.
e o impressionante, é que se fizer falta,
o everest ainda está lá.
impiedoso, mas a espera como todas as esquinas.
e eu continuo sem medo de lembrar disso.

Monday, February 26, 2007

ainda pela tv educativa.....

programa sobre e com a nova safra de escritores brasileeeeiros
ah! ah!
i´m so sorry, mas eu não saberia mesmo porque porta entrar.
eu vou ser mais jovem e publicar como uma velha.
eu escrevo em blog, porque é fácil e imediato, como eu.
eu digo assim errado, porque me comete e descompromete,
como não levar o guarda-chuva porque sabe que vai chover,
mas precisa faltar ao encontro na semana que vem.
eu arranjo tuberculose pra faltar a um encontro,
mas não pelo romantismo da coisa.
eu bebo, de pequenos golinhos, as vezes todo o dia,
porque oito horas diárias sem janelas, minutos cercados de papéis,
parágrafos eternamente repetidos e paredes de cor creme,
isso é uma porra de um trauma rotineiro fodido de esquecer.
eu falo palavrão pq as vezes fico mais braba do que literária e andei com gente meio desbocada.
eu bebo, não por bukowski, mas vendo novela, com o cerebro moído demais pra trocar de canal e pensar em alguma coisa, com o corpo moído demais pra decidir entre fazer comida pra mim ou alimentar a gata (os dois é trabalho demais)
e de tudo isso, ainda não descansar de ver beleza.
cavocando beleza nas louças de três dias na pia.
que amanhã de manhã a culpa alemã me fará lavar.

porque é necessário demais pegar a tv educativa

por mais atucanada que eu esteja
um balão que nem trago ajuda
novelos de irresolutos se traçando até beco sem saída,
entre tiros de plástico e de artilharia mastigada,
pegar um programa de língua portuguesa
que usa um clipe da fafá de belém pra ensinar,
me faz rir
gargalhar nem do bem nem do mal.

Sunday, February 25, 2007

recolhe

i´ve got a new old band
toda a vez que eu te encontro
gosto do cheiro de tijolo assando
na avenida central, longe de qualquer olaria
i´ve been looking for something
até que há um buraco em 89% do meu quarto
então danço balé nas bordas pra apressar meus anos.
já fez o azul mais fundo de todos
e não atendi o telefone.
este foi um bom dia de não falar.
ontem,
toda a vez que eu te encontro
faz sentido estar na rua
ainda que eu quase não entenda o que vc diz
talvez por que estejamos sempre partindo
e a nossa frieza seja um filme de amor feliz.

Saturday, February 24, 2007

com uma cerveja gelada, a importancia de aprender certas coisas mais tarde

eu sempre tenho medo de que o meu tempo de suportar o maravilhamento tenha acabado.
e me repetir como se isso fosse o novo natural.
pra alguns vai embora com a primeira qualquer coisa,
comunhão, mentruação, ressaca, trepada. tanto faz.
assume-se ter um cartão com data de validade marcada,
que naquele dia encerra as atividades
de experimentar profundamente o mundo por curiosidade e canja própria.
as vezes eu acho que eu já parei.
as vezes eu acho que quero parar.
sempre tenho medo que acabe.
mas o capetinha dentro de mim não deixa,
nem deixará.
as vezes ele descansa, o que nos dá mais folego.

então volta e meia eu tenho instantes de velho safado
descobrindo mais alguma coisa deliciosa que ainda não foi feita.
como prestar atenção em black sabbath já perto dos trinta,
e voltar praquele lugar,
batida,
atrás dos botões entre os ventrícolos ímpares do peito,
maravilha-lar.

Friday, February 23, 2007

para altercações felinas ou especiaria

quer que eu te bata com o universo?

Tuesday, February 20, 2007

vc senta de frente pra mim, odeia o meu cigarro e os meus hábitos.
completa dizendo que eu como demais,
que eu sei muito
entendo pouco
e faço nada
eu concordo
e vc diz que, como sempre, eu duvido completamente de mim mesma.
tem nojo de olhar pros meus pés
e não esconde
limpa as mãos depois de acidentalmente me tocar

eu soorrio com meus dentes não escovados pela manhã
coço no meio dos dedinhos

nunca pedi pra vc chegar.

Friday, February 16, 2007

the return of the loving dead


Thursday, February 15, 2007

e a festa nunca termina

pois é
descobri esses dias, revirando arquivos
que este aqui, fantasma de tantos outros,
o mesmo, mas diferente, esse tom de nada wanna be
começou a um ano atrás.
e só deus o capeta e os demais envolvidos sabem onde eu estava metida há um ano atrás.
e voces?
aposto que nem todo mundo pode contar.
enfim, tenho o que comemorar com isso. foi uma tentativa e me parece um sucesso de fazer a ficção documentarista surreal e realista que é a minha voz.
ainda não está perfeita porque nunca estará, mas acredito no caminho, até porque me sinto capaz de assumi-lo.
assumir, vcs sabem, é uma merda. deve ser guardado pra coisas muito especiais.
tah rolando até uma comemoraçãozinha solitária aqui na sala. bohemia barata e gelada, já dancei com fone de ouvido e janela aberta só pra brincar que ando na rua de noite, lavei a louça com radiohead e comecei a curtir com bloc party. teve até modern romance e convenhamos você não precisa nem conhecer as bandas e as musicas pra saber do que se trata. o ingles vem no leite. e os nomes dizem o suficiente. ok, hora de escolher outra musica.
buenas, então eu agradeço quem lê, quem comenta, quem acha e sente coisas com que o que é escrito aqui. quem me diz porque não gosta, quem percebe o que eu tento fazer.
quem me apóia até debaixo dágua da literatura moderna. na verdade vcs já perceberam que por mais que eu tente levar a sério,
é só pra parecer que eu sou boa em alguma coisa.
mas mesmo que sempre doa, é e sempre vai ser a minha paixão mais duradoura e mais "lábios flamejantes".
aproveito pra contar também que esse blog pretende virar um livro. eu sei que a moda já passou, mas deixa, como todas as outras ela volta pelo cansaço no ano que vem, ahahahahahaha.
gostaria que vcs me contassem quais textos vcs gostam mais.
eu sou preguiçosa pra escolher.
e claro, o final deste post, foi escrito ao som de "ela não usa geléia"*.

*she dont use jelly, claro. mas no leite não vem português.
um dia eu também vou usar só tangerinas pra pintar o cabelo

baixinho-profile

about me:
ãhahnnn
é isso aí
ultrapassei a fase de me apavorar
agora ouçam o barulho
dos meus gatilhos clicando,
não falta muito
pra farra do caos
nos buscar
porque

Tuesday, February 13, 2007

stella maris

se me perguntassem hoje qual a minha fantasia sexual
eu diria
voltar no tempo,
porque algo não foi feito
pegar aquele pedaço
mudar as coordenadas
e fazer disso um futuro agora

ali
naquela esquina
debaixo do poste
que venta

o céu continua parecendo uma pintura
mas minha boca não.

Monday, February 12, 2007

momento de reflexão clichê mas necessário

eu não posso deixar de perguntar, e por favor eu peço que quem me lê preste atenção:
se a culpa da violência brutal e absurda fosse da libertinagem, dos vícios e da falta de punições drásticas, não lhes parece, senhores, que amsterdã deveria ser mais perigosa do que um país talibã?

falta de perspectiva não diz nada?

fernando gabeira diz "a cada semana acontece 1 (hum) crime trágico no brasil".
nem ele considera mais tragédia
essas crianças,
a cada segundo,
fadadas a merda,
em todos os sentidos possíveis,
em todas as classes sociais impossíveis,
porque nós somos incapazes de existir reais.
afogadas no valão de esgoto
violentadas no mármore com prozac
tanto faz
luto a mais luto a menos
o carnaval é que não vai parar

p.s. enquanto os marginalizados forem tratados como monstros subumanos
é isso que eles podem, devem e vão ser

Sunday, February 11, 2007

já que eu não comentei meu aniversário


essa hoje sou eu
um exu de asas muito pequenas mas floreadas
olhos vendo estrelas demais
pernas de monstro do pântano
e quatro corações
ainda que um estejade cabeça pra baixo,
o outro um pouco enrolado,
um seja pequeno,
e o outro todo costurado.
essa hoje sou eu
você poderia estar fazendo melhor
enquanto eu faço demais?
quando escolho uma canção pra ser eu, no fim de todos os descontos e pedradas, ainda é the cure, lullaby e lovesong. só esses nomes todos já me desabilitam. nunca vai passar.

Sunday, February 04, 2007

santinhos protetores da insanidade


Saturday, February 03, 2007

e parece que não é nada


Friday, February 02, 2007

look at it


Thursday, February 01, 2007

como se perde uma miss?

tinha piercing na rua,
responsável com podreira,
ela escrevia poesia num caderno de tarzan.

brincou de ursinhos até bem tarde,
incomodou uma primeira dama,
amizades e amantes imperfeitos,
peregrinando de um sofá alheio a outro
tonight tonight como trilha sonora do seu desaparecimento.

london fucking
honey, are you really dead?
desorganizada, inocente, discreta, insuspeita,
conhecidos importantes, vinda do interior.
presentes de mais dá tempo de menos.

z no nome, e agora, desapareceu.
não deixou amor nem carnê de loja pra trás.

(eu acho que ela nunca existiu,
e quando se deu conta disso, evaporou.
mas eu bebo vinho branco com gelo quando faz mto calor.)

london fucking
honey are you really dead?
ja faz tempo que me disseram que garotas que sabem demais não casam.
as vezes é porque não dá tempo.

p.s. esse também é um poema de televisão