Wednesday, April 05, 2006

saranda, convite e destino

num asilo uma mulher que viveu até os 130 anos, gostava de chamar sua colega de quarto, mais jovem e surda, de puta. Essa mulher, a que viveu, não a surda, fumava até morrer, era a única que não precisava de remédio, não gostava muito de banho, mas adorava se cobrir de talco e um vestido florido e mesmo desdentada limpava uma coxa de galinha melhor que um cachorrinho.

A gatinha branca ronrona sozinha, sara abre mais a janela, parece que é uma chuva inventada, não artificial, mas não existível. como as coisas da sua vida, não artificiais, nem mentidas, mas nas quais é quase um crime da sanidade acreditar. sara levanta da cama, se espreguiça no batente da porta do quarto, volta pra janela, acende um cigarro, e molha a mão.
é água mesmo. como é bom acordar e ainda estar em Lálonge. Trazer a casa pra dentro dos dias não perto de lugar nenhum.
coça a cabeça, mas é por dentro que alguma coisa anda, as cócegas são passos.
Não tenho certeza sobre se eu sei do que é feita a noite, mas não faço por desmerecer.
sara abre os olhos, fecha os olhos, abre e fecha de novo e mais uma vez, só pra ter certeza.
sim, de repente, por um instante, dentro e fora de si são o mesmo lugar.

2 Comments:

At 7:45 PM, Anonymous Anonymous said...

Olha, me perdoa por ficar na superfície, mas ocorre que vi uma foto sua no outro blog, e eu não consegui ler nenhum poema nem nada. Eu vou ler. Mas agora, ponto final, você é linda.

 
At 1:56 PM, Blogger quasechuva said...

reuben é a primeira vez que me acontece isso, esse tipo de comentário...enfim, alguns dizem que tem uma primeira vez pra tudo na vida, EU DIGO QUE SEMPRE RESTA UMA PRIMEIRA VEZ PRA NOS ATROPELAR

tanx

 

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