Saturday, April 15, 2006

o princípio quebrado

excepcionalmente hoje, estaremos esclarecendo tudo sobre o céu e o inferno

no mesmo dia a primeira faixa não funciona,
o passarinho não nasceu
a água pro café ferveu, não somos todos iguais.
no mesmo dia, a segunda música me acorda melhor, o passarinho não teria as patinhas se tivesse vindo, a primeira água pro café deveria mesmo ter sido dispensada.
era água suja, que ontem tinham limpado a caixa dágua.
sara lee as vezes até podia tomar veneno, mas não era bom de manhã junto com o café, por causa da gastrite.
e não era hora do estomago fazer mal.
era hora de lavar a cara e encontrar a melhor possível, consultar com os dedos no ar a posição das horas sobre o dia que viria. O tempo lhe pareceu morno, pouco espirituoso. Isso não era bom nem mau, era justo. O tempo não interferiria, ele só estaria lá.
no mesmo dia, quatro roupas coloridas, seis guias de força e amor penduradas no peito, brincos protetores de sonhos nas orelhas, pediu a benção a si mesma, esmalte carcomido nas unhas como sua lembrança de ser mortal e perene.
sara lee foi contar ao anjo que ela não sabia usar o que tinha roubado.
ela sempre soube que ele sabia que ela tinha roubado e o que era,
todos sentem quando algo é mexido no próprio coração, principalmente um anjo. Ainda mais se ele tiver enxerga pra dentro de si.
ela e o anjo abriram os olhos de repente ao mesmo tempo no meio do mesmo lugar que eles nunca tinham invocado antes.
uma das melhores coisas sobre conversas difíceis, é que elas sempre te levam pra acontecer no lugar mais desconhecido possível, parece inseguro, mas não é.
é o melhor a fazer, pra que se force a verdade a porejar.
é melhor pra que não haja vantagens de ambiente.
o anjo estendeu a mão, sara quis ir devolvendo e ele disse
-eu só quero um cigarro,
as vezes os anjos podem e devem fumar, por mais proibido que continue parecendo.
sara passou o cigarro aceso, porque anjos não podem usar isqueiro.
sara começou a roer das pontas das unhas o esmalte estragado.
unhas mais curtas renovam o esmalte. roer as vezes deixa elas serem novas de novo.
os cabelos de sara cresceram de volta aos seus dezesseis anos, depois caíram todinhos, depois voltaram ao normal.
o anjo olhava tudo, para que fosse tranqüilo e azul.
Depois que sara lee perdeu todos os pesos, ela fez uma viagem, esmagada contra a parede por duzentos elefantes negros,
aí se limpou no chuveiro de luz verde,
vestiu seu tênis violeta,
os cabelinhos passaram a crescer como pasto branco,
e na mesa da casa mais lar do que a sua,
sentou e durante o café sentiu sua nova tatuagem
entre as plantas e o chico que cantava, e um bom amigo tranqüilo segurando o vento a sua volta,
sua nova tatuagem era já não ser furto, ter libertado o agrado.
o anjo, em outro lugar, terminou seu cigarro, desvestiu as asas, e foi plantar alguma coisa no quintal.

2 Comments:

At 7:10 AM, Blogger Caíla said...

"peloamôd'deus" o que esse anjo foi plantar? rs... Beijos e ótimo escrito!

 
At 8:33 AM, Blogger quasechuva said...

como todos os anjos,foi plantar uma limpeza
nem que seja assassinato

 

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