Tuesday, March 20, 2007

diálogos porque é longe do paraíso 2

The new late love stories

a)Ei, o que nós estamos fazendo?
b)Eu não sei. Fumando juntos.
a)Mm. E isso dá em alguma coisa?
b)Câncer e sabe-se lá mais o quê.

27 segundos em branco

a)Eu te conto tudo.
b)Mm?
a)De um jeito ou de outro, eu te conto tudo.
b)Eu poderia ter dito isso.
a)Mm?
b)Qualquer um de nós poderia ser qualquer parte desse diálogo.
a)Mm. (tragada) É.
b)Ei, o que nós estamos fazendo?
a)Eu não sei. Fumando juntos. É melhor não perguntar.
Tragadas finais.


Texto na tela do computador, a parte em branco da página gritando mais do que olhos cruéis e pupilas pequenas.
Duas crianças velhas.
x)Que bonito isso.
y)O quê?
x)Isso que você escreveu, é sobre mim?
y)Não é sobre alguém.
x)Você escreveria isso sobre mim?
y)Pode fumar aqui? – procura a janela mais próxima e acende o cigarro sem esperar autorização – Eu nunca escreveria assim sobre você.
x)Por que?
y)Porque você não fuma. E eu não sei usar os porquês.
x)(acendendo um cigarro) Fumar não importa. Você só fuma pra se esconder. Ou quando está fugindo.
y)Não importa onde começa vício. O certo é que eu não posso ficar sem. – olha pra baixo e em ato contínuo de efeito dramático, esmaga o meio cigarro no fundo de um copo de uísque com uma mosca. – eu só fujo quando você não fala sério.
x)Tah. Falando sério, eu vou morrer. Você se importa?
y)(tirando o cigarro de x e dando uma tragada longa, pelo efeito de pensar no assunto) Não me importo, todo mundo morre.
x)Eu mataria por você. Você se importa?
y)(duas tragadas curtas) Não, todo mundo morre.
x)Dizer que eu te amo importa?
y)Todo mundo morre.
x) (acendendo outro cigarro) Mas eu não vou morrer agora.
y)Você não fumava. Você também não mentia sobre morrer.
x)Eu sei, mas assim quem sabe eu pelo menos vá parar dentro das tuas histórias.
y)Talvez você morra antes.
x)É, talvez.

Qualquer um de nós pode ser todas as letras. Ás vezes até ao mesmo tempo.

2 Comments:

At 1:53 PM, Blogger Edgar Aristimunho said...

Agora é de verdade. Você precisa de espaço para continuar dentro de mim. Eu vou arrancar "aquele coisa" de dentro de mim, para você poder fluir, um assopro, espirro, jorro, palavra, canto, harmonia

 
At 1:44 PM, Blogger Edgar Aristimunho said...

Volto a insistir sobre a necessidade (formal) de você ocupar o espaço que há em mim.
Agora que aquela coisa-que-não-estava-para-brincadeira foi expurgada de mim,
resta o espaço, algum sentido vago de razão, o caminho que leve de volta a ti.
Vamos passear no parque?

 

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