Tuesday, March 13, 2007

a carne

ela é o que vem perverso, sem querer nada
ela esfria nas costas pra provar que há uma janela aberta
e aperta o estomago pra ensinar o que é medo
a carne,
ou correr pela vida.
ela é o ponto cego, o ruído de fundo do código
tudo o que há de promessa e de desilusão
tudo o que se intui de violência e liberdade
a carne,
ou o cancer.
era uma vez no oeste,
quando finalmente te atingirem,
reze para que seja alguém que saiba atirar.
talvez, num retorno de saturno nuclear,
logo a máxima da honra volte a ser morrer decentemente.
o que de qualquer maneira, virará um negócio de eutanásia barata pela internet.
eu provavelmente contrataria o melhor assassino,
um que tenha chorado duas vezes e cante bem
pra garantir não morrer na mão de um babaca.
hoje em dia tah dificil não morrer de babaca.
costas tapadas na corrente de vento frio,
seriam capazes de acreditar que sou lenta e prefiro as doenças.
mas a carne tem degenérios,
como insistir em sentir-se bem nos instantes depois do furo,
como guardar a memória das quedas que ainda nem teve
e insistir.
em correr, a carne se solta.

ela é o que coça.
de todos os jeitos, em todos seus pedaços.
até não dormir, até desmanchar, até cometer,
até começar e não parar jamais.
só há coceira na carne.

3 Comments:

At 10:19 PM, Anonymous Anonymous said...

até eu começar e não parar de ficar acordada. a carne aqui tb coça.

 
At 9:06 AM, Blogger Scheer said...

Tinha um mendigo que parecia uma aranha, me abaixei para ouvir melhor o vento que não arranhava as suas costas. vi a ferrugem, dormindo entre a carne do queixo. minha voz não é o que ouço. me assusto fácil. mas não quando crianças engolem pregos. corro com a tesoura, nunca se sabe quando o Guiness estará vigiando.

 
At 10:37 AM, Blogger José Roberto said...

Certa noite no Egito,
Ví São Pedro encabrunhado,
Comprou de carne um bocado,
Era carne de cabrito.
Ele mais São benedito,
Fizeram dela um cozido.
O santo muito atrevido,
"Laigô" sal na "carnelança",
Vinho bom mesmo é da França,
Taça bojuda de "vrido"
(Zé Roberto)

 

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