Monday, March 06, 2006

Na segunda-feira, pelo menos três ou quatro portas de quartos estão com pulmões pendurados ao invés de casacos.
Na segunda-feira, futricando as lixeiras do mesmo grupo de amigos, se encontrará alguns fígados, alguns rins, alguns sacos e estômagos destroçados pelo fim-de-semana, que no fim deixou pelo menos os nossos corações onde eles sempre estão,
quem sabe no mais ou menos,
no prego ou na merda, são os nossos corações meio cinzentos,
meio brasileiros que não desistem nunca, mas enquanto continuam, finjem que não.
fingindo que estamos no quarto escuro (como sapos mortos antes da chuva)
é que a gente consegue fazer uma água cair. aí, qualquer três gotas mata a sede,
enfia a calça nova, faz o telefone tocar, muda o disco, troca o canal, qualquer três gotas já é lança-perfume caseiro valendo muito pouco apesar do risco, valendo muito pelo risco.
Na segunda-feira ainda tem gente querendo algum assunto sério ou insistindo em se enganar sobre o que houve na sexta e não houve no sábado, sobre um amigo do amigo do amigo sobre uma erva errada que não deu nada certo, na segunda-feira, talvez alguém ainda esteja na parada esperando um ônibus pra uma festa que de acabou cedo demais as quatro da manhã no sábado, eu e toda minha maquiagem preta sob os olhos estávamos lá como se fosse parque de diversões; muita água e tudo branco. Sob as árvores, mesinhas de madeira no lusco fusco, ursos famintos pelo açúcar dos outros, farejando a doçura do pescoço dos outros, angariando formigas e paranóias imaginárias do outros, roubando o braço dos outros, abraçando o engano, beijando errado, acertando o marca-passo dos outros, pequeno iggy não estava, me sinto até sem estimação quando passamos um fim de semana sem brigar com pequeno iggy, quando afastamos a rua das veias, e não adianta, mas não adianta, em qualquer festa nós seremos os mesmos, fugindo de nós, seremos os mesmos, não agarrando quem queremos demais seremos os mesmos,
principalmente aí.
enquanto trocamos a ordem de tudo, e sobrevivemos a isso, nós somos os mesmos.
a+b, não tem nada a ver, b e c se odiariam se não fosse pelo tesão,
d. está longe, por isso merece o ponto em que todos nós o esperamos.
m.c. não precisa ser de ninguém, special k poderia me pertencer com sexos trocados e um pouco de pimenta;
eu sei que "detê" vai se arrebentar nessa moça aí, mas não há o que fazer.
"bate na minha cara" por aqui é carência de nenê também.
eu não gosto mas provoco.
eu não gosto? a gente nunca sabe até amanhã de manhã.
eu gosto do que eu não posso ter, mas aprendi a fazer gostosinho comigo assim.
pra essa semana, o programa é pegar um hospital.
a gente podia ir lá tomar hélio e oxigênio, roubar morfina, assistir novela, brincar de incontinência e treinar contenção.

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