Wednesday, February 22, 2006

CARNIVALIA - daqui há uma semana


todos tem seus próprios perseguidores. quando é fofoca, é culpa da hora e da nossa boca destravada quanto mais travo pra dentro.
Sissi só quer mais uns amigos, não importa o que. passar por cima de si mesma é o de menos. desde que possa se servir de mesa, de tapede, de base, de mão, de cigarro escondido, de papo demais, de tantas histórias, de desculpa, da pior de todos nós, desde que acabe em risada. as vezes em que ela está com a gente, ela está mais, pelo telefone pelas bocas pelo que não está, ela sempre está. ela prefere isso a qualquer homem. eu acho que hoje em dia ela só se apaixona pra ter o que contar.
Todos nós somos seus amigos, no fundo. Bem no fundo. Daqui há uma semana ela vai estar esperando e agendando os acontecimentos da próxima semana.
Special K é sua amiga como todos nós. Mais de ninguém. Ela está sempre na outra ponta do telefone, escondida num quarto escuro pra guardar o cabelo limpo, ela quer ir embora mas não sabe bem porque não ficar, enquanto ouver um garoto que valha a pena. Já foi mais bonita do que podia entender - como menos obviamente, todos nós passamos por isso em alguns instante pequeno. Mas Special K foi tão alto quanto queria ser tão pequena. Hoje ela perdeu um pouco a noção do tamanho. Eu gosto dela porque nesse ponto nós somos iguais. Sempre se adaptando ao recipiente que puder nos conter, e vazando, ou secando, sem pudores logo depois. Daqui há uma semana ela vai estar decidindo não se arrepender de nada do que fez no feriado. Vai chorar pelos motivos errados, depois escolher uma calça e sair de casa pra fumar um cigarro.
Kali é pequenina. Poderia ser amada pelos melhores porque, no fim das contas, tirando as sobras e as arestas, ela é boazinha. Só que aí não sabe o que fazer com a vontade de viver. Ela só surta discretamente. Sem que o rímel escorra mais do que um borrão bonito, mas ela sempre parece que tem doze anos demais pra maquiagem. É incrível como os olhos de alguém podem se parecer tanto com pés pequenos. Kali entra nos carros dos homens que ama sempre com medo, mas nunca desistiu por isso. Nunca desistiu por isso, mas não ama tanto assim. Eu nunca ouvi essa palavra na boca dela. Como se fossem letras demais. Como se fossem macias demais. Kali gostaria de botar sua cadeira na encruzilhada e decidir que esse é um caminho. Com o tempo fumaria mais e venderia limonada. Com o tempo passariam pessoas por ali. Com o tempo ela teria uma cidade ao seu redor. Mas até para parar é preciso se decidir.
Daqui há uma semana, Kali estará dormindo de tarde, tentando não sonhar com o que há para ela na semana que vem.
Sara Lee. Olha para as pessoas como suas paisagens prediletas. Passeia até se perder pelas pessoas, como suas voltas prediletas. Depois começa a buscar desesperadamente o rumo, como seus medos prediletos. Ama todo mundo, como seus desafetos prediletos. Ama todo mundo, como seus afetos malditos. Sara Lee nunca mais fugiu da briga, ela prefere olhar o mais fundo que a ressaca pode deixar nos olhos. Sara Lee nunca mais teve vômitos nem dor de cabeça, e quando não consegue dormir, limpa a casa. Ela lembra com carinho do tempo em que era expert em palavras cruzadas. Sara Lee gosta de meninos, e de poucas garotas. Algumas como essas meninas estranhas. Daqui há uma semana ela terá mais coisas para escrever. E continuará trabalhando, trabalhando, trabalhando pelo que é bem.

1 Comments:

At 12:34 PM, Blogger Marcos Rohrig said...

eu também quero aparecer aqui.
nas tuas palavras.
lindas, como a senhorita.
besos

 

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