Wednesday, February 15, 2006

não começar outra vez

o sonho de todo o deserto é não começar.eu gosto de andar, as vezes o fim de semana inteiro, de pés descalços pela casa, de um comodo a outro, de um incomodo a outro, nada demais, ventilador sempre por perto, uma garrafa por perto, um daqueles na mão, um cigarro, perder o dia inteiro. no final eu registro no meu diário que foi um passeio pelo deserto.como eu dizia hoje para i., não se pode ficar usando a energia essencial de todas as parte do corpo ao mesmo tempo, cabeça, coração, braços, pele, estomago, pés.ultimamente não penso, não ando, não pego, não digiro, não amo.fico só na pele, sentindo sentindo, desde o vento até outra pele, só sentindo. como se fosse um grande verão sem praia. meu mar é um milharal, caipirinha é conhaque com coca cola, os caranguejos são os mortos; frescobol é contar histórias absurdas (e banalmente reais sobre cada um de nós), o chimarrão é a nossa erva e nós odiamos odiamos odiamos o sol, mas não vai chover tão cedo. então esticamos a noite.amor de praia? eu desencavo o mesmo que eu não tive aos dezesseis.se isso tudo nos basta? e se não? pra onde a gente vai? enfiar a cabeça (por emprego, diversão ou desespero) numa lata de cola?começar qualquer coisa poderia ser difícil se houvesse mesmo um plano de vôo. mas porque se enganar. nós estamos bem no meio de alguma coisa que nós causamos e consequenciamos, mas não pegamos, não ganhamos, não agarramos, não sabemos.não tem nada de errado pra nós no meio disso.talvez algumas coisas devem acontecer errado. por parâmetro ou expedição.
eu queria que valesse a pena ser bob dylan

3 Comments:

At 11:02 AM, Anonymous Anonymous said...

Bob dylan, posso ser tb?

Scheer

 
At 2:07 PM, Blogger quasechuva said...

tah valendo?

 
At 4:16 PM, Blogger Angélica Freitas said...

eu queria que valesse a pena ser neil young,

sabe?

 

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