o fundo do chinelinho come

pelas beiradas
duas camisetas por quinze reais, o sol queima meus dedinhos, pé torrado pro jantar das dores.
tio gritando o almoço mais barato, a mulher recolhe a filha de babar na vitrine, eu tenho pena das plantas da banca que arde,
o cego conduz o trilho
o trilho conduz a luz entre as pernas da gente
o meio das pernas conduz a gente à gente.
"preferi buscar intimidade com deus do que cair na religião"
gosto de um segurança que me proteja assim
melhor que guia de macumba ou peregrinação
os santos ajoelhados agradecem o coração
eu fui ao meio dia, procurar o chinelinho abandonado pra fazer um amuleto de nunca
perder os pés de criança ao redor dos olhos de dentro do furo
já que o universo são dois cus que se beijam no fundo do escuro
e o chinelinho
já foi.