Sunday, December 31, 2006

aqui hoje é o último do assim chamado ano de 2006

estou na beira da praia. aqui desde ontem o movimento de humanos é absurdo, nervoso, cheio de expectativas para pequenas grandes alegrias, aquele um único momento mágico, pegar uma pinta gostosa, beber o suficiente pra chegar do lado de lá de si, ou simplesmente chegar se arrastando até o amanhã. eles corrrrreeeemmmm pra cá pra isso.
eu vim pra ver os morros.
pra ver água salgada no meio dos morros.
pra queimar o pé na areia e achar que estou vendo jesus.
pra fumar um queimando o coco e ver as gaivotas e achar que eu posso jogar pedra nos anjos.
pra ralar a sola do pé nas pedras.
eles zonzan, zanzan, eu passeio entre as suas pedras.
o sol não vai deixar de ser ácido.
desde então todos os sambas choro também grita.
tem que não tenha nunca mais onde deixar suas coisas.
tem como que uma doença no mundo. mastigando, mascando e cuspindo, febril, rasgando, moendo os ossos do mundo.
agora, ainda é a pior parte. porque AINDA é tão bonito. e o AINDA e a desesperança fazendo o bonito insalubre mais fundo, mais irresistível, mais lar.
todo mundo indo morar de corpo e alma na covinha dos ultimos sorrisos.
todo mundo entregando suas mãos nos cepos do cabelo que ainda sobra brilhante pra voar.
e mesmo que tudo dê certo. mesmo que tudo se ajeite, tem uma pureza que não volta mais.
mesmo que tudo se curasse, tem uma alma que não veio, que não volta mais.
mas nada libera mais energia do que as mortes.
um ano, um dia, nossos sonhos, um céu.
nada libera mais energia do que o que vai partindo. é disso que se faz o que nascerá.
desfaça todos os nós.
enterre todos os ossos que foram arrecadados e beijados esse ano.
acorde-se, arrebanhe.
amanhã, é só outro caderno de estrada.

1 Comments:

At 1:45 PM, Blogger Taila Zagonel said...

é preciso enterrar o velho pra que o novo nasça em toda a sua essência.
feliz ano novo pra você.
tomara que em 2007 valha a pena ser Bob Dylan ;)

 

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